terça-feira, 15 de setembro de 2009

O cárcere da emoção.

Ninguém pode ser livre e feliz se for prisioneiro de si mesmo.Quem é encarcerado por barras de ferro pode ainda ser livre para pensar e sentir.Os escravos do passado eram mais livres do que os que estão sob o jugo do cárcere da emoção. A liberdade está para o ser humano assim como a semente está para a árvore. É potência. É vocação, mas é também luta e empenho. A semente já é a árvore,mas em potencial. Terá que passar pelo processo de superar todas as adversidades de seu espaço, para finalmente chegar a ser o que já era em potencial. Será necessário crescer, lutar para alcançar tudo o que já é, mas em potencial.O homem de hoje está frequentemente doente em diversas aréas da personalidade. Não vive cada manhã como um novo espetáculo nem contempla o prazer nos pequenos eventos da vida. Entulha de lixo sua memória e adquire uma série de conflitos em sua personalidade. É difícil encontra uma pessoa que saiba proteger sua emoção e, ao mesmo tempo, gerencie seus pensamentos com habilidade. Uma pessoa que brilhou nessa aréa foi Jesus Cristo.Vale a pena recordar uma sequência narrada nos evangelhos sinóticos que testemunha muito bem a força desses seus gestos.A cena é dramatica, mas é também fascinante. Uma mulher está prestes a ser apedrejada. Foi pega em adultério e a lei de Moisés prescrevia condenação pública para esses casos.A multidão está convencida de que o certo se cumprirá. Matar em público é um jeito de manter a ordem, de fazer prevalecer a força da lei.
Jesus observa os acontecimentos enquanto a multidão enfurecida se prepara para o ato definitivo. As vozes uníssonas gritam a sentença. Não há o que fazer. A mulher será morta. O que agora vou vou descrever não está relatado, mas podemos imaginar.
No meio de tantas vozes que gritava, Jesus não tinha muito o que fazer. É muito difícil ser voz única, gritando uma sentença diferente no meio de uma multidão que grita absolutamente o contrário. Jesus chegou perto; Preferiu não gritar. Utilizou-se de uma linguagem que é infinitamente superior á linguagem das palavras: O olhar. Fixou os olhos na mulher e começoua dizer, sem dizer, tudo o que ela precisava naquela hora.
Jesus, no ato de olhar, começa a devolver áquela mulher tudo o que a vida lhe havia retirado. Era como se os portões de um porão escuro recebessem uma chave iluminada de novas esperanças. A mulher não sabia que sabia. Esquecera do valor que possuia. A vida vivida na condição de objeto de prazer, o corpo entregue á condição de praça pública, lugar comum que não merecia cuidado, tudo era fator que a prendia ao chão e que a convencia de que estava recebendo o destino merecido.
Mas os seus olhos encontram os de Jesus. Ela percebe que eles não falam a mesma coisa que a multidão. nos olhos daquele homem recém-chegado ela identifica um poder superior a tudo o que ela já tinha encontrado na vida. Eram olhos que possuiam o dom de realizar devoluções. Naquele olhar estava devolvida a sua dignidade, o seu desejo de continuar viva, de reencontrar o sentido do seu corpo, e até mesmo alimentar a esperança de um amor que a pudesse amparar na vida.
Jesus Cristo é o mesmo de ontem , e hoje, e eternamente.Hb:13:8